Reporte de viagem 02 - Rogue Trader


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CONFIDENCIAL - DIÁRIO DE BORDO - AGULHA NEGRA
817.M41
Capitão Rechiar Rechillaez

É impressionante que a primeira coisa que faça depois de passar por isso tudo seja gravar essa merda. Ainda tenho gosto de sangue na boca, mas acho que isso vai mostrar a você como seu filho rejeitado sabe cuidar bem da situação.

Se você ouviu meu último reporte sabe da bagunça que fizemos naquele planetinha desprezível. Quando olhei pelo vitral da ponte de comando, pensando em como seria bom vê-lo queimar, jamais imaginei que aqueles abhumanos, hereges inferiores, tentariam me alcançar fora do planeta. 

Os augúrios de nossa nave são bons, você sabe, não é a toa que essa belezinha sobreviveu tantos milênios. Só que quando vimos uma nave saindo da orbita, não imaginamos que ela nos atacaria. Ordenei que Serpe preparasse a bateria, mas Archimedes me alertou que se fizéssemos chover fogo, a autoridade planetária não nos perdoaria como fez da última vez.

Dá pra imaginar? Os mutantes estavam usando o próprio planeta como escudo. Pensando rápido, me desloquei em direção às outras naves que trafegavam algumas dezenas de milhares de quilômetros dali. Até que alguém sugeriu que estávamos fugindo. Ah, isso fez meu sangue ferver.

Quando pedi opções aos meus conselheiros, Drákon disse que poderíamos usar o Telerportarium para um ataque surpresa, não sei se você se lembra, mas essa peça de arqueotech pode nos levar à superfície do planeta mesmo estando a quilômetros na órbita, muito útil. Consultamos o espírito da nave e parece que a sala de máquina respondia bem – eu não queria morrer me teleportando para o espaço e explodindo. Ordenei uma guinada brusca e um aumento na velocidade.

-Pra cima deles! Berrei no deck. Você precisava ter visto.

É claro que eles continuaram atirando. Aliás, aumentaram a carga, pareciam surpresos e nervosos com o que aconteceria. Nosso escudo falhou. Sentimos o primeiro dano. Tive sorte de que a escória que move nossa nave não se amotinou. Bastou um brado para que se lançassem contra os impuros buscando morrer sob o olhar do Imperador.

Quando eles tentaram desviar da nossa rota, fui até o Teleportarium com meus conselheiros. Para dizer a verdade sempre sinto um mal estar terrível quando passo pelo immaterium sem a nave. Acho que muitas pessoas morreram instantaneamente ou enlouqueceram usando essa coisa. Graças ao Deus-Imperador essa tecnologia está perdida.

Foi como se fossemos puxados para trás com uma força G inumana. A escuridão estava repleta de sussurros justo no limiar dos sons audíveis. Claro, não durou mais de um segundo, mas com certeza nos lembraremos disso por dias. Ao chegar à nave, sentimo-nos tontos, mas a surpresa maior ficou com o capitão deles. Acho que quando o compartimento de munição explodiu, ele ainda estava tentando entender o que havia acontecido.

Enquanto a tripulação corria para apagar o incêndio, nós corremos para a cabine de comando. Archimedes dissuadiu a nave a nos contar onde ficava o comandante, Drákon escalou o elevador e o trouxe pra baixo na marra. Subimos. Armas em riste, invadimos a cabine.

Tenho que te falar, as mutações são uma abominação aos olhos do Imperador. Mas algumas vezes essas deformidades podem parecer verdadeiras evoluções. Esse é um pensamento errado e herético, claro. Com certeza o Imperador nos guardou naquele dia. Só quero registrar que uns caras muito grandes protegiam aquele verme.

-Esperem! Ele gritou enquanto abrimos fogo.

-Sou considerado um verdadeiro imperador do crime lá embaixo, tenho certeza que podemos entrar num acordo.

Enquanto ele dizia isso, a espada de Iorgus rasgou o ombro de um de seus guarda costas. Ele morreu numa poça de sangue tendo convulsões. Foi quando o capitão deles desistiu de falar e tentou fugir. Hahaha... o verme correu para uma nave de fuga. Drákon explodiu o coitado. Depois abrimos para confirmar a morte, mas foi difícil diferenciar as peças de Tech dos fios de cabelo da abominação.

Não demorou para hordas de inimigos inundarem o deck. Lutávamos com espadas e machados em punho, com o planeta ao fundo e meu medo era cair na atmosfera. Mas, como eu disse com certeza o Imperador nos guarda. Quando estávamos prestes a sucumbir fomos derrubados pelo estrondo colossal de nossa nave se chocando diretamente com a deles. O casco se rasgou como se fosse feito de papel. O vácuo, frio e indiferente sugou todos. Por sorte Hermes nos localizou e trouxe de volta com o teleportarium.

Vou te dizer, os reparos da nave vão custar mais do que o lucro conseguido até aqui. Mas todo o setor comentará sobre a fibra que nosso clã demonstrou hoje. Bom, isso é muito mais que o necessário. Vou desligar para lavar a boca.

Rechiar, desligando.

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